Brumadinho e Mariana: Tragédias ou Crimes Ambientais? Nilson Pickler 1 de fevereiro de 2019

Brumadinho e Mariana: Tragédias ou Crimes Ambientais?

A tragédia ocorrida em Brumadinho, no dia 25 de janeiro de 2019, novamente levantou a discussão sobre a validade da exploração predatória e desenfreada que causa dano tanto às pessoas quanto à natureza e mais do que isso, por que nada é feito para evitar as perdas humanas, da fauna e flora, mesmo sendo estes eventos totalmente previsíveis.

Anos antes do ocorrido em Brumadinho, na cidade de Mariana, também localizada no estado de Minas Gerais, região sudeste do território brasileiro, em 5 de novembro de 2015, o país assistiu perplexo o rompimento de uma das barragens controlada pela gigante Samarco S.A., um conglomerado da qual faz parte a empresa brasileira Vale S.A..

Apesar de todo sofrimento humano e danos ao ecossistema, como a morte de pessoas e animais, além de alto número de desaparecidos e toneladas de rejeitos tóxicos despejados na cidade num enorme rio de lama, a tragédia em Brumadinho parece mostrar que nada foi feito, mudado ou aprendido e, novamente, outra barragem da Vale S.A. se rompeu.

Crime ambiental: A culpa é de quem

O rompimento das barragens de Mariana e Brumadinho são tragédias de grandes proporções e resultam da prática de ações, tomadas de decisões e o descaso com determinadas pautas que não podem ser atribuídas a um único culpado. Por isso, vale refletir mais profundamente sobre o assunto, afinal quantas vidas devem ser perdidas para que haja alguma mudança?

  1. A empresa

A gigante Samarco e as corporações que a compõem devem ser responsabilizadas pelos danos causados ao ecossistema e às pessoas, afinal, há profissionais hábeis para determinar a segurança e viabilidade de barreiras para impedir o fluxo dos resíduos e mantê-los represados, por isso não se pode negar que houve um grande descaso.

  1. O Estado

A função do Estado, numa economia de cunho capitalista ambientada numa Democracia é gerenciar e fiscalizar determinados setores, sejam eles públicos ou privados, o que significa que as empresas devem operar de forma autônoma, porém sob observação estatal, que deve visar não ao lucro, mas ao bem-estar de toda nação e suas riquezas.

Logo, ao não fiscalizar ou não punir com rigor ações que deram origem às tragédias de Mariana e de Brumadinho, o Estado se mostra uma estrutura omissa, que não visa à população, mas termina por conceder isenções que, por fim, podem acarretar em danos irreparáveis, como as mais de 100 vítimas da tragédia de Brumadinho;

  1. Um problema estrutural

As discussões recentes sobre o direito a terra, a exploração de recursos naturais, a monetização de florestas, fauna e vida humana põem em evidência a existência de uma mentalidade predatória que transpassa não apenas a política e a economia, mas toda população, a qual termina por crer que é melhor lucrar do que preservar.

Um debate que não existe mais em alguns países do mundo, como a Alemanha, que visa integrar o desenvolvimento tecnológico e industrial com a manutenção de áreas naturais, claro que essa lição foi aprendida a duras penas, porém mostra que é uma tarefa possível de ser cumprida, cabe às pessoas também se conscientizarem para corrigir seus governos.

E agora?

Como punição à tragédia de Mariana, a Samarco foi multada, porém pouco foi feito para que ela de fato reparasse os danos causados à cidade e seu entorno, sobre Brumadinho, ainda não há um veredito, porém o presidente da Vale, Fabio Schvartsman, disse em entrevista que barragens construídas com o mesmo método das de Brumadinho e Mariana serão eliminadas.

Cabe ao Estado, agora, fiscalizar e punir com mais competência, à população compreender que a exploração predatória é lucrativa por um período, mas depois coloca em crise diversos setores e, por isso, deve ser repensada, e às empresas, cumprir o determinado para evitar tragédias como essas que, infelizmente, jamais serão totalmente reparadas.

1 comentário
  • Responder
    16 de junho de 2019, 13:21

    Eu sinceramente concordo com tudo que o texto disse aliás até quando temos que viver vendo essas tragédias nos jornais e se um dia acontecer isso em uma cidade onde a gente vive.Essas empresas que tomam conta dessas barragens nem ligam para esses problemas de estruturas das barragens eles só ficam na vida boa enquanto pessoas e animais estão sofrendo,pessoas vendo seus familiares soterrados em lama isso não pode continuar assim está tudo errado.Será que este é o fim.

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